O colapso silencioso dentro das empresas

Enquanto os lucros crescem, a saúde mental dos colaboradores definha — e isso não é mais aceitável.

Você talvez não veja. Talvez nem fale sobre isso. Mas está acontecendo bem ao seu lado — ou dentro de você.

Segundo estudos recentes, 3 em cada 10 trabalhadores brasileiros convivem hoje com algum tipo de transtorno mental. Depressão, ansiedade, estresse crônico, exaustão. Uma pandemia silenciosa, escancarada pela outra, a do COVID-19.

O home office escancarou as rachaduras da vida moderna: trabalhar no mesmo espaço em que se tenta viver, educar filhos, manter relações e pagar boletos… tudo isso sob um cenário de incertezas, metas inalcançáveis e isolamento. A conta chegou — e o preço é alto.

Para quem não nasceu na era digital, especialmente fora da geração Z, reconhecer o próprio limite ainda soa como fraqueza. Fomos ensinados que cansar é frescura, chorar é drama, e que a dor emocional deve ser varrida para debaixo do tapete.

Por muito tempo, transformamos o trabalho em anestesia. Um escape. Um disfarce. Mas a dor não some só porque ignoramos.

A boa notícia? Isso está mudando.

Celebridades, líderes e até colegas de escritório começam a falar — com coragem — sobre suas crises de burnout, sobre a terapia, sobre o remédio que precisam tomar. O que antes era tabu, agora emerge nas conversas do café, nos grupos de WhatsApp, nos encontros de equipe.

E não era sem tempo.

Hoje, marcas são pressionadas não apenas a vender, mas a cuidar. O discurso bonito de “propósito” e “gente em primeiro lugar” não se sustenta sem atitudes concretas. Flexibilizar jornadas, repensar metas desumanas, estimular conversas reais e criar políticas consistentes de bem-estar não são mais iniciativas “do bem”. São estratégias de sobrevivência.

Empresas que desejam permanecer no jogo precisam entender que não se trata apenas de uma questão ética. É econômica. É estratégica. É urgente.

Um exemplo?

Uma gigante do setor alimentício passou a incentivar conversas abertas entre gerações dentro da empresa, flexibilizando horários e humanizando metas. Já uma marca global do setor de moda, cujo nome remete a paisagens geladas sul-americanas, tornou a prática de atividades físicas uma prioridade dentro de sua cultura.

O recado é claro: cuidar de gente não é mais opcional.

A saúde mental deixou de ser um “assunto pessoal” para se tornar um pilar central da sustentabilidade empresarial. E líderes que não se perguntam — “a cultura aqui dentro ajuda ou adoece?” — estão, inevitavelmente, atrasando o relógio da inovação.

Trabalho não pode ser sinônimo de sofrimento.

E empresas que ignoram essa verdade correm o risco de ficarem fora do jogo.

A pergunta que fica é: sua marca vai adoecer ou vai evoluir?

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Leonardo Moreira

CEO Mental 21
Diretor e Presidente da Câmara Setorial de Serviços da Associação Comercial, industrial e serviços do Estado de Goiás.
Mestre em Administração de Empresas - Musty University - EUA

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