Dupla jornada, violência e produtividade: o desafio invisível das mulheres brasileiras

A exaustão tem nome, gênero e endereço. E muitas vezes, também tem marcas invisíveis.

A rotina da mulher contemporânea é uma verdadeira maratona silenciosa. Entre tarefas domésticas, cuidados com os filhos, cobranças no trabalho e responsabilidades conjugais, existe um peso que muitas carregam sozinhas: o da violência.

Sim, enquanto lidam com a sobrecarga da dupla jornada, milhares de mulheres ainda enfrentam a ameaça diária da violência — seja ela física, psicológica, emocional ou financeira. E o mais assustador? Muitas vezes, isso acontece dentro do próprio lar, onde deveriam encontrar refúgio.

Dupla jornada e violência: uma combinação perigosa

A conciliação entre trabalho e vida familiar já é, por si só, desafiadora. Mas quando a violência entra em cena, o cenário se agrava. Estresse extremo, insônia, medo constante e o impacto direto na produtividade profissional são apenas alguns dos efeitos colaterais dessa realidade cruel.

Segundo dados recentes, uma em cada quatro mulheres brasileiras já sofreu algum tipo de violência doméstica. E a maioria continua trabalhando, cuidando da casa e fingindo que está tudo bem.

Não está.

Identificar é o primeiro passo.
Romper é o segundo.

Sinais como controle excessivo, manipulação emocional, desvalorização constante, críticas veladas e sabotagem são muitas vezes ignorados — ou naturalizados. Mas são sintomas claros de um ambiente abusivo.

Romper com isso exige apoio. Ninguém deveria enfrentar sozinha uma situação assim.

A importância de uma rede de apoio

Amigos, colegas de trabalho, familiares, grupos comunitários, terapeutas e até a equipe de RH da empresa podem ser pontos de apoio para que essa mulher não se sinta isolada. A informação também salva: conhecer a Lei Maria da Penha e os canais oficiais de denúncia é vital.

Além disso, é dever das empresas criar ambientes seguros, com canais de escuta, políticas de combate ao assédio e treinamentos de conscientização. Um ambiente corporativo que acolhe pode ser o divisor de águas entre o silêncio e a libertação.

Produtividade com proteção

A ideia de que é preciso dar conta de tudo precisa ser combatida. Ser produtiva não significa se anular. Planejar tarefas, delegar responsabilidades e colocar o autocuidado na agenda são formas de preservar a saúde mental e emocional.

Ferramentas de organização, aplicativos de produtividade, pausas intencionais e até práticas de meditação podem ser aliadas nesse processo. Mas, mais do que isso, é essencial que a mulher entenda que sua vida vale mais do que qualquer entrega de trabalho.

Saúde mental em risco

O acúmulo de funções e a convivência com qualquer tipo de violência afetam diretamente a saúde mental. Casos de burnout, ansiedade, depressão e crise de pânico são cada vez mais comuns entre mulheres com jornada dupla — e quase sempre negligenciados.

Buscar ajuda psicológica não é fraqueza. É estratégia de sobrevivência.

Ninguém deveria caminhar sozinha

O caminho é árduo. Mas ele não precisa ser solitário. Reconhecer a violência, romper o ciclo, buscar apoio e exigir ambientes seguros — em casa e no trabalho — são passos fundamentais para uma vida mais equilibrada e produtiva.

Ser mulher não pode ser sinônimo de resistência silenciosa. Precisa ser sinônimo de poder. De autonomia. De proteção.

“As mulheres que enfrentam a dupla jornada têm um caminho árduo, mas não precisam enfrentá-lo sozinhas.”

Leo Moreira

Enviar
Foto de Leonardo Moreira
Leonardo Moreira

CEO Mental 21
Diretor e Presidente da Câmara Setorial de Serviços da Associação Comercial, industrial e serviços do Estado de Goiás.
Mestre em Administração de Empresas - Musty University - EUA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Negócios, Politica, Últimas Notícias

6 out 2025

O setor de serviços vai devorar quem não se reinventar em 2025 — descubra as habilidades que garantem sua sobrevivência!

Bem - estar, Negócios, Politica

6 out 2025

“Geração Mimimi” ou o Futuro das Empresas? Por que os Jovens Estão Sendo Ignorados pelos RHs